terça-feira, 6 de setembro de 2011

WEB ARTE


É uma categoria de arte que somente ocorre em redes de computadores. Apenas o que for produzido sendo pensado para a rede Internet pode ser chamado de Web Arte. Sua principal característica estética envolve a interatividade, por meio da qual o interagente ou usuário modifica o conteúdo do trabalho em tempo real, transformando o evento em função de sua participação.

Esse tipo de produção não se resume a sites que apresentam trabalhos de arte em museus ou galerias, como pinturas ou esculturas, é mais do que isso: Os artistas utilizam a rede para criar seus trabalhos com o que este meio tem de mais específico. Eles fazem com que o usuário reflita poeticamente sobre sua relação com a máquina e com as outras pessoas, num mundo onde os relacionamentos e a vida são cada vez mais mediados pela teleinformática (telefones digitais, mensagens instantâneas, e-mails, etc.). Isso é o que se chama de net arte, arte na rede ou web arte.

Um site de Web Arte disponibiliza um canal de experiências visuais, sonoras ou temporais com o visitante. Ao criar um trabalho de arte para a rede parte-se do princípio de estabelecer relações com a sensibilidade do internauta, tornando a navegação uma experiência insólita, cômica, hermética, estética etc. que busca resultados subjetivos, intimamente ligados com a experiência colateral do visitante e a vivenciada em contato com a obrao, que por sua vez, se presta a um grande número de leituras particulares que serão resultado direto da ação do repertório visual do interpretante.

Assim, a leitura de típicos trabalhos de Web Arte que se utilizam de elementos do universo computacional (botões padrão, barras de navegação, mensagens típicas de softwares etc.) dependerá da existência das informações deste universo no repertório visual do visitante. Em outras palavras, se ele não conhecer do que se trata exatamente, sua leitura correrá o sério risco de não ser satisfatória e ficar somente no nível estético ou de composição estrutural das imagens. Atualmente, a Web Arte apresenta-se como uma expressão com linguagem ainda em definição. Muito do que é produzido para a internet, ainda parte de conceitos oriundos de outros meios já existentes, como a pintura, a fotografia, o cinema e o vídeo. E em alguns casos, a influência vai além do conceito: semelhanças formais - linhas, formas e cores - acabam se apresentando também. As releituras e citações de artistas de períodos anteriores são práticas consagradas nas poéticas artísticas contemporâneas e muito do que é produzido com fins artísticos para a rede possui estes princípios.

Além de possuir fortes bases em outros meios já existentes - especialmente na pintura - a Web Arte estabelece uma verdadeira troca com sua versão de arte aplicada: o web design. Enquanto alguns designers buscam que suas criações para fins comerciais tenham um aspecto mais expressivo e autoral, os artistas da rede, por sua vez, buscam nas soluções do design para tratamento de imagens e nos mesmos softwares de criação, os elementos necessários para viabilizar os seus trabalhos artísticos. Para muitos, não existe uma fronteira muito bem definida entre Web Arte e web design: os impressionantes usos de técnicas - em geral, animações em Flash - dotadas da primazia de domínio técnico, acabam recebendo um equivocado status de arte. Por outro lado, vários artistas da rede também realizam trabalhos de web design. No Brasil, o artista multimídia Rui Amaral (http://www.artbr.com.br) pode ser considerado um exemplo disso: na sua homepage possui tanto trabalhos de Web Arte - destituídos de qualquer funcionalidade - quanto criações que realiza com fins comerciais para a Internet e outros meios.

A 24ª Bienal Internacional de São Paulo que ocorreu em 1998, foi a primeira a incorporar oficialmente trabalhos de web arte. A curadoria foi assinada por Ricardo Ribenboim e Ricardo Anderáos. Além de reunir links para trabalhos de vários artistas nacionais e estrangeiros, essa curadoria inovou ao desenvolver um aplicativo em Flash que permitia navegar em uma trama de conceitos relacionados que davam links aos trabalhos selecionados. Além de fornecer links para trabalhos que já se encontravam na rede, a curadoria também encomendou obras especificamente para essa mostra.

Esse foi o caso de Valetes em Slow-Motion, de Kiko Goifman e Jurandir Müller, uma ousada experiência que combinava uma interface 3D em linguagem VRML e uma webcam que permitia aos visitantes da Bienal verem e serem vistos por detentos do Presídio da Papuda, em São Sebastião (DF), em dias e horários previamente marcados. Outro exemplo foi o projeto-instalação Colunismo, de Gilbertto Prado, que também utilizava duas webcams conectadas à Internet, disparadas por sensores no espaço físico da instalação pela passagem dos visitantes, que tinham suas imagens mescladas com outras que faziam parte de um banco de dados precisamente preparado, e então disponibilizadas online para todo o planeta.

A pesquisa “Web Arte no Brasil” iniciou-se em 2000 na UNESP (Universidade Estadual Paulista) sob a orientação do Prof. Dr. Milton Sogabe com o apoio da FAPESP e migrou em 2001, para a UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) em nível mestrado sob a orientação do Prof. Dr. Gilbertto Prado.


FONTES CONSULTADAS

20/8/2011 18:33:47

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