terça-feira, 6 de setembro de 2011

VIDEOARTE



A videoarte, ou vídeo arte é uma forma de expressão artística que utiliza a tecnologia do Vídeo em artes visuais. Surgiu na década de sessenta num contexto no qual os artistas procuravam uma arte contrária à comercial. Esta nova linguagem na arte está intimamente associada as inovações tecnológicas, o desenvolvimento da arte pop, do minimalismo e da arte conceitual que prevaleceu no cenário artístico dos anos 1960 e 1970, principalmente nos Estados Unidos. Instalações, performances e outras modalidades de arte como  música, dança, pintura, teatro, escultura, literatura eram amplamente realizados, sinalizando as novas orientações da arte: as tentativas de dirigir a criação artística às coisas do mundo, à natureza, à realidade urbana e à tecnologia desafiando as classificações habituais, questionando o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte. Nesse universo o vídeo inseriu novos elementos para o debate sobre o fazer artístico. As imagens projetadas ampliam as possibilidades de pensar a representação, além de transformar as relações da obra de arte com o espaço físico. Uma nova forma de olhar está implicada nesse processo, longe da ilusão projetada pela tela cinematográfica e da observação da obra tal como costuma ocorrer numa exposição de arte. Colocado numa posição intermediária entre o espectador do cinema e o da galeria, o observador/espectador da obra em videoarte é convocado ao movimento e à participação. Seu campo de visão é alargado, transitando das imagens em movimento do vídeo e o espaço envolvente da galeria. As cenas, os sons e as cores que os vídeos produzem, não ficam mais confinados ao monitor, eles se expandem sobre e ao redor das paredes da galeria, conferindo-lhe um sentido de atividade. O olho do espectador mira a tela e além dela, as paredes, relacionando as imagens que o envolvem. Se a videoarte interpela o espaço, visa também alterar as formas de apreensão do tempo na arte. As imagens, em série como num enredo ou projetadas simultaneamente, almejam multiplicar as possibilidades do trabalho artístico.

São inúmeras as produções do gênero em todo o mundo definidas como videoinstalação, videoperformance, videoescultura, videopoema, videotexto etc. Nos Estados Unidos, destacam-se Vito Acconci (1940) com Undertime, 1973, Air Time, 1973 e Command Performance, 1974, o músico e artista multimídia Nam June Paik (1932 - 2006) com TV Garden, 1974 e Magnet TV, 1965, Peter Campus (1937) - Shadow Projection, 1974 e Aen, 1977, Joan Jonas (1936) - Funnel, 1974 e Twilight, 1975 e a videoartista Ira Schneider (1939) - Bits, Chuncks & Prices - a  Video Album, 1976. Artistas ligados ao minimalismo, como Robert Morris (1931), fazem proveitoso uso de filmes e vídeos em seus trabalhos - Pharmacy, 1962 e Finch College Project, 1969. Os chamados pós-minimalistas exploram também as imagens, sobretudo o vídeo: Richard Serra (1939), Keith Sonnier (1941), Bruce Nauman, Robert Smithson (1938 - 1973) entre outros. Bill Viola (1951) é lembrado como um importante expoente no campo da videoinstalação.
No Brasil, o desenvolvimento da videoarte remete à expansão das pesquisas nas artes plásticas e à utilização cada vez mais freqüente, a partir dos anos 1960, de recursos audiovisuais por artistas como Antonio Dias (1944), Artur Barrio (1945), Iole de Freitas (1945), Lygia Pape (1927 - 2004), Rubens Gerchman (1942 - 2008), Agrippino de Paula, Arthur Omar (1948), Antonio Manuel (1947) e Hélio Oiticica (1937-1980). Apesar das controvérsias a respeito das origens da videoarte entre os brasileiros, os estudos costumam apontar Antonio Dias como o primeiro a expor publicamente obras de videoarte - The Illustration of Art - Music Piece, 1971. O uso do vídeo como meio de expressão estética por artistas brasileiros tem como marco a exposição de 1974 realizada na Filadélfia, quando expõem Sônia Andrade, Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger (1933), Ivens Machado (1942) e Antonio Dias. Na seqüência, outros artistas somam-se à geração primeira: Paulo Herkenhoff, Letícia Parente e Miriam Danowski. Em São Paulo, as experiências com a videoarte aparecem em 1976 no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP, sob direção de Walter Zanini. Nesse contexto, destacam-se Regina Silveira (1939), Julio Plaza (1938 - 2003), Carmela Gross (1946), Marcello Nitsche (1942), entre outros.


FONTES CONSULTADAS

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